A praça de Thariel, coberta por um céu de nuvens baixas e pesadas, parecia uma boca aberta pronta para devorar a alma de quem ousasse olhar demais. As chamas azuis nas torres tremeluziam como olhos famintos. O cheiro de medo, sangue seco e magia antiga impregnava cada pedra.
No centro da praça, alinhados diante do patíbulo — uma estrutura grotesca de madeira escura, polida pelo uso e pelo sangue — estavam os prisioneiros. Acorrentados, descalços, a pele marcada por hematomas, ossos saltando sob a carne. Magos. Curandeiros. Antigos sacerdotes. Camponeses que ousaram conjurar uma centelha de cura para salvar um filho.
Vermon subiu os degraus do patíbulo com sua longa capa negra arrastando-se como fumaça viva. Empunhava uma espada de duas mãos. A lâmina negra reluzia com veios vermelhos, e as runas gravadas nela pareciam pulsar como veias vivas.
— Tragam o primeiro.
O som das correntes arrastando-se fez o povo estremecer. Os olhos vidrados não podiam fechar. A magia do rei os mantinha al