No início, o cheiro era o que mais perturbava.
Três dias depois do massacre, a carne aberta começou a inchar sob o calor pesado que pairava sobre Thariel como um manto de punição. Corvos vieram primeiro. Bicavam os olhos, depois as bochechas, e por fim, sem cerimônia, abriam buracos nas barrigas e arrancavam pedaços inteiros de órgãos ainda úmidos.
Uma semana depois, os cachorros — aqueles que sobreviveram aos Ossívoros, aos Sombrios, à própria fome — atravessavam as ruas escuras, farejando a podridão, arrastando membros esquecidos pelos soldados, mordendo o que restava de mandíbulas, pés e coxas abertas como carne de matadouro.
Duas semanas, e os corpos estavam negros. Inchados, estourando. Os olhos explodiram dias antes, mas agora a pele se abria sozinha, liberando gases e vermes. As moscas formavam tapetes vivos sobre os torsos abertos. Algumas crianças, forçadas a passar pela praça, desmaiavam de imediato. Outras... nem reagiam mais. Apenas passavam. Porque se tornara parte da pai