A pedra do salão ecoou quando o cálice partiu-se contra o chão. Vinho escuro escorreu como sangue ao redor das botas de Vermon, mas ele sequer olhou. Estava parado diante da janela alta, os olhos fixos na escuridão lá fora, como se pudesse enxergar através das léguas e muralhas.
As velas do castelo tremulavam, ainda que não houvesse vento.
— Oriana… — repetiu, quase como um lamento. O nome pesava em sua boca. Um som proibido. Uma memória antiga, suprimida aos outros, à força.
Atrás dele, Thenos surgia silencioso como a própria sombra.
— Sentiu também? — perguntou, embora a resposta já estivesse clara no olhar do rei.
— É mais do que sentir — rosnou Vermon. — É um rompimento. Uma das centelhas acordou.
Thenos franziu o cenho.
— Tem certeza de que é ela?
— Ninguém mais poderia provocar uma quebra tão profunda. Nem mesmo os antigos Duplos ou os Elementais do sul. Isto… — ele apertou os punhos. — …vem do sangue da Primeira.
O silêncio entre eles se tornou denso, sufocante.
— Ainda podem