Thariel não dormiu naquela noite.
O vento que corria entre as folhas trazia mais do que o frio habitual — havia nele um murmúrio, uma vibração invisível que se insinuava pelos telhados, adentrava janelas entreabertas, arrepiava a pele dos sensíveis. Era como se o ar soubesse de algo que o povo ainda não sabia. Como se o mundo prendesse o fôlego, prestes a exalar uma verdade antiga.
Na antiga forja de pedras, Cael ainda observava a madeira queimando devagar. O colar com a pedra âmbar pendia entre os dedos. Desde o festival, mantinha distância da praça central, da movimentação crescente, dos soldados que agora vigiavam até os sorrisos. Mas seus ouvidos estavam sempre atentos.
Aquela noite, no entanto, trazia um chamado diferente.
Fechou os olhos e ouviu.
Lá no fundo, no centro da magia que aprendera a esconder desde menino, algo pulsava.
Não era memória, nem dor — era reconhecimento.
Evelin.
Não sabia seu nome ainda, mas sentia seu rastro. Uma assinatura mágica que reverberava pelo chão