A noite caíra sobre Thariel como um manto denso, abafando as preces e os gritos que se misturavam nas vielas com cheiro de ferrugem e fumaça. Havia algo diferente no ar — uma tensão acumulada como eletricidade antes da tempestade. As fogueiras do Festival das Cinzas ainda queimavam nos centros das praças, mas não por celebração. Eram apenas lembretes.
Lembretes de que o medo agora tinha farda, decretos e nomes.
Numa taverna escondida nos fundos do Distrito Baixo, um grupo pequeno se reunia. Eram seis. Quase todos trabalhadores simples — ou pelo menos, assim pareciam. Um entregador, uma velha costureira, dois jovens mineradores, um padeiro. E uma mulher que ninguém conhecia, de cabelo curto e olhar afiado. Ela falava pouco, mas quando falava, os outros calavam.
— A oração do arauto não foi por acaso — disse ela, cruzando os braços. — Foi um aviso. Eles sabem que há movimento.
— Mas não há, né? — retrucou o jovem minerador, inquieto. — Somos só meia dúvida de descontentes tentando não m