No jardim lateral da casa, Augusto andava em passos pesados, quase sem perceber para onde ia. O rosto, geralmente duro e inflexível, agora carregava um olhar distante. Ana o seguia, sentindo a dor contida no silêncio do marido.
— Ana... — ele parou e virou-se para ela com os olhos úmidos — Amanda me chamou de pai... depois de cinco anos. Você escutou? Me chamou de pai, Ana.
Ana assentiu devagar, tocando o braço dele.
— Ela falou sem rancor, Augusto. Talvez pela primeira vez em anos... Amanda olhou pra você com paz nos olhos.
Augusto apertou os lábios e desviou o olhar, tomado por algo entre alívio e culpa.
Enquanto isso, Amanda atravessava o corredor principal rumo à garagem, passos firmes, a bolsa nos ombros, os olhos determinados. Já girava a chave do carro quando Clara surgiu atrás dela, os saltos batendo contra o chão com urgência.
— Amanda! — chamou, com a voz cheia de fúria contida. Amanda parou, mas não se virou. — Não é porque eu aceitei terminar com o João que vou permitir qu