José caminhava alguns passos atrás, ainda atordoado. O som do disparo, o olhar vazio de Amanda, a maneira como ela limpou as mãos com aquele lenço... tudo girava em sua mente como um turbilhão. Nunca pensou ver sua irmã — a mesma que ele embalava nos braços quando criança — agir com tamanha frieza.
João, ao lado dela, a conduzia em silêncio. Não havia julgamento em seu olhar, apenas cumplicidade. Ele entendia a mulher ao seu lado melhor que ninguém.
Quando chegaram à varanda da casa, a porta já estava aberta. Ana veio apressada ao encontro da filha.
— Filha... João... está tudo bem? — perguntou, os olhos passando de um para o outro, angustiados. — Amanda, por que sua roupa está suja de sangue?
A sala se encheu de silêncio. Todos à mesa olharam. Clara largou o copo de água. Mirela segurou o braço de Sofia. Até as crianças, intuitivamente, silenciaram.
Amanda parou. Seus olhos encontraram os da mãe com firmeza, mas sem agressividade. O rosto suado, a blusa manchada, o semblante inabaláv