Área do jardim central
O frio que por dias cortava o campo dera lugar a uma tarde rarefeita, banhada por um sol gentil que atravessava as folhas nuas das nogueiras. A grama, ainda úmida do orvalho, brilhava sob os pés descalços de Amanda, que, com os cabelos soltos e o riso leve, corria atrás de Nina, que gargalhava como se nada mais importasse.
— Pega, Nina! — gritava Amanda, fingindo cansaço, os braços estendidos para alcançar a menina.
João e José surgiram da lateral da casa, e o som das risadas os atraiu como um perfume antigo da infância.
— Ainda correm assim? — provocou João, sorrindo ao ver Amanda descalça.
Amanda virou-se, os olhos iluminados.
— A vida já nos prende demais, João. Ao menos os pés merecem liberdade.
Ele não respondeu com palavras. Apenas tirou os sapatos e os deixou ao lado dos de Amanda, dobrando as calças até a canela. José fez o mesmo. Depois, ele chamou:
— Clara, vem jogar bola conosco. Lembra dos domingos?
Clara, que conversava com uma das primas de José,