UTI — Hospital Central de Moscou — Manhã cinzenta
A chuva cai fina e incessante, desenhando riscos tortos no vidro da UTI, como se o próprio céu chorasse. O vento frio bate contra as janelas, mas ali dentro... tudo parece suspenso. O tempo não avança. Só existe aquele instante — interminável, sufocante.
O som dos monitores preenche o ambiente, em uma melodia tensa, onde cada bip é um lembrete cruel de que a vida de Amanda ainda está por um fio. Ela está imóvel, pálida, frágil... mas viva. Ainda viva.
No corredor, Ana está sentada. As mãos seguram com força um terço já gasto pelo tempo, que desliza entre seus dedos trêmulos. Os olhos fechados apertam mais, como se na força da fé ela pudesse rasgar os céus e alcançar Deus.
— Deus... não leva ela, não. Ela é forte. Ela tem missão aqui. Toca ela, Senhor... toca a alma da minha filha. Fala com ela. Ela escuta. Sempre escutou... — a voz falha, embargada, e as lágrimas descem silenciosas, queimando a pele.
Ana respira fundo, apertando o peit