O cheiro de antisséptico é forte. A luz fraca pisca levemente, refletindo nas paredes frias e estéreis da UTI. O som ritmado dos monitores é a única coisa que quebra o silêncio sufocante daquele lugar.
Amanda está deitada, imóvel. Seu corpo frágil parece pequeno demais em meio às máquinas que trabalham incansavelmente para mantê-la viva. Tubos, fios, sensores... Seu rosto está pálido, os lábios quase sem cor, e há marcas visíveis dos traumas que sofreu. Mas... ela respira. Ainda respira.
Ao lado da cama, Ana. Cabelos desalinhados, olheiras profundas e uma manta fina sobre os ombros. Ela segura com ambas as mãos a mão da filha, como se o calor do toque pudesse impedir que a vida escapasse. Seus olhos marejados, porém firmes, não desgrudam do rosto de Amanda.
Ela se inclina levemente, leva a mão da filha ao rosto e murmura, num fio de voz carregado de amor e desespero:
— Você sobreviveu, meu amor... Sobreviveu. Mas agora... só falta abrir os olhos. Por favor... volta pra mim, Amanda. Vo