Amanda Duarte

– Subsolo da empresa Duarte, setor de arquivos – 16h05

A sala era fria, com estantes altas repletas de pastas antigas, papéis amarelados pelo tempo e o cheiro peculiar de papel guardado por décadas. Lidiane, de cabelos grisalhos presos em coque e óculos na ponta do nariz, organizava uma gaveta de documentos da época do patriarca Jorge Duarte, pai de Augusto.

Valéria entrou, discreta, com o salto batendo seco no piso de cimento polido.

— Boa tarde, dona Lidi... — disse ela, forçando um tom casual. — Tem um minutinho?

— Sempre tenho, menina. — respondeu Lidiane, sem erguer o rosto, empilhando papéis com a paciência de quem já viu muita coisa.

Valéria se aproximou, inclinando-se levemente sobre a bancada de madeira.

— Vi o senhor João hoje... saindo da sala da Amanda. Tão... descomposto — disse com um sorriso enviesado. — A senhora que conhece essa família desde a época do pai do seu Augusto... não notou nada estranho entre os dois?

Lidiane parou de mexer nas pastas por um momento. Seu o
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