A noite descia densa sobre a floresta da matilha Orsini.
A lua alta derramava uma luz pálida sobre as copas das árvores, e o vento trazia o cheiro fresco da terra úmida e da seiva cortada.
Felipe caminhava sozinho, as mãos cerradas, o peito pesado.
O silêncio o sufocava.
Havia dias que não dormia direito, dias que não encontrava paz.
O casamento se aproximava — duas semanas — e a cada passo nessa direção, o lobo dentro dele rugia mais alto.
Ele tentou respirar fundo, conter a tensão, mas o ar parecia arranhar a garganta.
O corpo inteiro latejava.
O lobo queria sair.
E quando veio, foi sem aviso.
O primeiro rugido estourou de dentro do peito, ecoando pela mata como um trovão.
Os pássaros fugiram das árvores, e os sons da noite cessaram de repente.
Felipe cambaleou, os olhos queimando em âmbar, o corpo tremendo sob o impulso que não conseguia mais conter.
Em segundos, o homem desapareceu.
E o alfa lobo emergiu.
O chão estremeceu sob o peso das patas.
O ar vibrou com a fo