Liandra estava no quarto quando ouviu a batida na porta.
Não respondeu de imediato.
Estava em pé, de frente para a janela, braços cruzados, respirando fundo como fazia desde sempre quando precisava organizar o que sentia antes de falar. Era seu método.
A batida veio outra vez. Mais suave.
— Posso entrar? — a voz de Rafael soou do outro lado.
Ela não se virou.
— Entra.
Rafael abriu a porta devagar. Não avançou. Ficou ali, respeitando o espaço como aprendera a fazer com ela. Liandra continuou olhando para fora por mais alguns segundos, então virou-se.
Os olhos estavam firmes. Não havia lágrimas. Havia algo mais sério: decisão.
— Nunca mais ouse mentir pra mim — ela disse, direta. — Nem pra me proteger. Nem pra “ganhar tempo”. Ok?
Rafael sentiu o impacto sem desviar o olhar.
— Você tem razão — respondeu. — Eu errei.
Ela deu um passo à frente.
— Eu não preciso que você esconda coisas difíceis. Preciso que confie em mim para enfrentá-las. Se fizer isso de novo, não é o André