Rafael chegou em casa pouco depois das duas da manhã.
Entrou sem fazer barulho, como sempre fazia quando não queria acordar ninguém, um hábito antigo, moldado em noites em que liderança e solidão caminhavam juntas.
Mas Liandra estava acordada.
Sentada no sofá, pernas recolhidas, vestindo uma camiseta larga, o cabelo preso de qualquer jeito. O rosto se ergueu no instante em que ele fechou a porta.
— Você demorou. — disse, sem acusação. Apenas constatação.
Rafael largou as chaves sobre o aparador.
— Resolvendo tudo. — respondeu, simples.
Aproximou-se e tocou o rosto dela com o polegar. Um gesto automático, íntimo. A âncora silenciosa que sempre funcionava entre eles.
Liandra sustentou o olhar por um segundo a mais do que o normal.
Havia algo ali.
— Está tudo bem? — perguntou, baixa.
— Está. — ele respondeu.
E não era mentira.
Só não era a verdade inteira.
Ela assentiu devagar.
— Vou verificar umas coisas no escritório. Já vou deitar.
Rafael foi em direç