Rafael estava no escritório havia mais tempo do que pretendia admitir.
A luz da manhã atravessava as persianas semiabertas, riscando o chão em faixas geométricas. Na tela, um mapa ocupava boa parte do monitor, rotas marcadas, cores distintas, horários cruzados, paradas repetidas. Um quebra-cabeça mudo.
Padrões.
Leonel tinha sido eficiente. Como sempre.
Os dados de GPS mostravam semanas de movimentação de Caroline. Rotina profissional previsível, até deixar de ser. Trechos longos, desvios para cidades que não estavam na rota de nenhum paciente, nem no perímetro da Matilha. E, mais visível que tudo, paradas fixas.
O cursor pairou sobre um dos pontos destacados. O mesmo hotel. Quatro vezes. Intercalado com semanas em que Caroline estivera estranhamente silenciosa.
Rafael não sentiu raiva.
Sentiu o que era pior para alguém como ele: lucidez absoluta.
Ele alternou entre horários e registros do celular que Leonel quebrara sem pedir motivação. Chamadas apagadas, ligações longas para