Rafael não fechou o laptop quando a porta bateu atrás de Liandra.

Só esperou o silêncio tomar o lugar dela.

O perfume já não estava no ar.

A leveza, não.

O vínculo, sim, estável, quieto, como um fio preso sob a pele.

Ele voltou para a tela.

Hotel.

Quatro vezes.

Quatro datas marcadas como farpas no mapa:

• dois dias após Chicago

• duas semanas depois do término

• três semanas depois, na mesma cidade, fora da rota

• o período imediatamente anterior à suposta “gravidez”

Nada daquilo era aleatório.

Caroline dizia luto.

Mas luto não marca reserva em hotel três estrelas com entrada lateral, quarenta quilômetros fora de qualquer rota de paciente.

Luto não escolhe sempre o mesmo lugar.

Luto não conversa longos minutos com o mesmo número, sempre antes das viagens.

Rafael afastou a cadeira alguns centímetros, só o suficiente para apoiar as costas e enxergar o quadro inteiro.

Quatro idas.

Oito semanas.

Gravidez de quatro.

A matemática não fechava.

Ele pegou o celular, abri