POV Alice
O apartamento parecia pequeno demais naquela noite. Eu caminhava de um lado para o outro, incapaz de me acalmar. Era como se minha pele fosse apertada por dentro, como se o ar estivesse mais denso. Nada fazia sentido.
Três anos… e eu ainda sentia aquilo. Um buraco, um vazio impossível de preencher. Algumas noites eram piores que outras — e esta era uma das piores.
Olhei o reflexo no vidro da janela. O prédio ao lado refletia a lua, enorme, branca, implacável. Suspirei e apoiei a testa contra o vidro gelado.
“Por que sinto isso? O que está errado comigo?”
Não era solidão. Não era falta de alguém específico. Eu já tinha tentado. Conheci rapazes, saí em encontros, tentei me entregar. Mas sempre… sempre havia uma barreira invisível, uma angústia que me afastava. Era como se meu coração gritasse “não é ele”.
E, em silêncio, eu me sentia cada vez mais… incompleta.
O som da campainha ecoou, tirando-me do transe.
— Abre, vizinha, ou vou derrubar a porta. — A voz leve e firme