“Meu corpo é meu território. E o meu útero não está à venda.” — Anotação de R.
[...]
[Presente — No apartamento de Guilherme]
Guilherme soltou um meio sorriso sem humor, como se fosse apenas um reflexo automático. O olhar, porém, estava longe dali — preso em algum ponto nebuloso do passado.
— Naquela noite, você parecia calma — ele murmurou, a voz quase engolida pelo peso das lembranças. — Mas eu conhecia seu jeito o suficiente para saber … aquele silêncio, em especial, era pólvora esperando a faísca certa.
Ele se inclinou para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos entrelaçadas com força, como se tentasse conter algo frágil e perigoso ao mesmo tempo.
— Larguei minha taça na mesa lateral e fui atrás de você. Cada degrau que subi atrás de você só confirmava… havia algo errado. Muito errado.
[Flashback de Renata — Casa dos Jasmins, anos atrás]
Guilherme me alcançou no corredor que levava ao andar superior. A luz vinha fraca dos lustres de cristal, criando sombras longas nas