“Entre intervir cedo demais e esperar demais, a gente sempre perde alguém.” — Anotação de R.
...
Rafael se inclinou lentamente, os antebraços firmes sobre a mesa, como se quisesse ancorar as palavras antes que elas escapassem.
— Sim… e não — disse, a voz baixa, carregada de algo que não era só lógica. — Quer a verdade sem enfeites?
Fez uma breve pausa, os olhos fixos nela.
— Sim: você apareceu primeiro nas nossas planilhas, muito antes de cruzar qualquer porta da nossa vida. Era apenas um nome frio num relatório, uma possível testemunha-chave… ou uma vítima em potencial, ligada a Guilherme Santoro, à Casa, às cláusulas obscuras de um contrato que, na época, eram só suspeitas.
Joana fechou os olhos, como se cada palavra fosse um peso que precisasse suportar antes de respirar de novo.
— E o “não” — continuou ele, a voz agora mais lenta, quase hesitante — é que, em algum momento, o arquivo deixou de ser arquivo. Virou gente. E gente… bagunça qualquer estratégia. Hoje, você não é só um ca