“Liberdade tem preço. E às vezes esse preço é pago não apenas por quem a conquista, mas por quem fica no caminho.” — (Anotação de R.)
[...]
Ele não disse nada, apenas segurou meu rosto e se inclinou, colando seus lábios nos meus.
Não com violência. Não com urgência desesperada. Mas com algo pior — algo que parecia querer ser ternura e não conseguia esconder a culpa embaixo. Como se beijar com delicadeza pudesse apagar o contexto brutal em que estávamos.
Eu não correspondi com doçura. Não havia espaço para isso.
Mordi o lábio inferior dele — não forte, mas o suficiente para lembrar que aquilo não era romance. Era demolição estratégica.
Ele tinha entendido o que eu queria. Mas talvez só estivesse disposto a ir até alguns beijos. Nunca teria coragem para avançar.
— Tem certeza de que quer fazer isso? — Ele sussurrou contra minha boca, voz rouca carregada de algo que soava perigosamente próximo de preocupação genuína.
Pausa.
Então, mais baixo, quase como aviso:
— Aurélia é uma mulher crue