“Há verdades que chegam em pedaços. Outras chegam inteiras e te partem ao meio.” — (Anotação de R.)
O telefone tinha vibrado novamente na noite anterior. Outro número desconhecido atravessando minhas defesas digitais. O aviso chegou seco, três palavras anônimas que ficaram acesas na minha cabeça a noite inteira como letreiro em néon queimado: Amanhã. Capela. Dez horas. M.V.
Fechei a mão em punho involuntário, unhas cravando meias-luas na palma. O corpo sempre responde primeiro — coração disparando, adrenalina inundando, músculos tensionando para luta ou fuga. Depois, alguns segundos atrasado, vem o pensamento racional tentando alcançar:
— Marta Viegas de novo? — Sussurrei para o quarto vazio. — Eu vou.
Anotei na agenda digital como quem risca um fósforo perigoso e guarda o fogo no bolso: Encontro Marta Viegas. Capela Hospital Santa Albina. Dez horas. Ir sozinha.
Então, antes de conseguir processar completamente, entraram mais duas notificações, uma seguida da outra:
Joana:
“Tudo certo