Capítulo 63: Quarto 42/2

“Algumas portas se abrem para o que nunca fechou.” — (Anotação de R.)

O salão se inclina levemente para a esquerda, como barco em onda mansa. Meu estômago acompanha o movimento. O jasmim sobe, fica quase insuportavelmente intenso. Guilherme ajusta a manga do terno com gesto casual. O anel brilha uma última vez sob a luz do lustre e desaparece dentro da sombra da manga.

A coordenadora toca meu cotovelo com dois dedos leves — toque treinado, proprietário, que comunica sem palavras.

— Sorriso curto. — Ela me lembra num sussurro, como quem diz “respira” ou “não desista agora.”

Eu sorrio. Obedeço. Olho nos olhos de quem preciso olhar. Não pergunto nada, não questiono nada. Sou apresentação perfeita. Sou boneca bem-comportada.

Mas por trás dele, capturado num reflexo acidental do vidro que separa o salão do corredor, vejo: uma porta entreaberta. No interior escuro, a sombra de uma moldura pendurada na parede. No topo da moldura, entalhada em madeira escura trabalhada, a mesma flor do meu ch
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