(...) Entro no salão.
A claridade não é branca; é ouro velho, abatido, cansado — luz que não grita nem exige atenção, mas que ilumina com discrição calculada. As mesas têm arranjos florais baixos para não bloquear a visão entre os convidados, para não atrapalhar as transações silenciosas que acontecem em olhares.
A música não tenta vencer o ouvido; ela encosta, insiste gentilmente, preenche os silêncios sem invadir as conversas.
Homens que carregam o tédio como se fosse joia rara. Mulheres que conhecem a coreografia do mundo, que sabem exatamente quando rir, quando calar, quando inclinar a cabeça.
Sou apresentada com o nome que está impresso no cartão de metal que alguém segura: SOFIA.
Não nego o nome. Não posso. Ele está grudado em mim como anel que ainda não marcou a pele, mas que já pesa no dedo.
O Polaroid estala outra vez do outro lado do salão. Tzik… tchac. Alguém coleciona essas imagens. Alguém arquiva rostos, momentos, provas. Para quê? Para quem?
— Você está se sentindo segur