“O corpo guarda verdades que a memória tenta apagar. Mas há toques que atravessam o esquecimento como luz.” — (Anotação de R.)
Quando entrei no consultório da Dra. Iasmim para a quarta sessão, minha respiração já estava irregular. Três encontros tinham sido suficientes para arrancar pedaços inteiros de memória do lugar onde eu as tinha enterrado. E hoje, algo me dizia que chegaríamos mais fundo. A ansiedade vibrava sob minha pele como eletricidade mal contida.
— Feche os olhos, Renata. Sinta o peso do seu corpo na poltrona. Inspire pelo nariz... expire pela boca. Deixe cada músculo relaxar, começando pelos pés... subindo pernas...
Sua voz foi se tornando distante, como um eco que se afasta. Eu desci. A voz da Dra. Iasmim se recolheu para um canto invisível do mundo desperto, e eu atravessei a fronteira porosa entre o agora e o então, mergulhando nas memórias que esperavam do outro lado.
(...)
O primeiro sentimento que surge é o vazio: o eco do que sobrou da praia. Não vejo mais a Lív