“A pior solidão é não ser compreendido, mesmo estando rodeado de olhares.”
— Clarice Lispector
Enzo, então, voltou-se para Luna. A ternura que antes suavizava suas feições havia desaparecido, substituída por um olhar penetrante, afiado como uma lâmina recém-desembainhada.
— Por que eu não fui informado da gravidez dela?
A pergunta veio em um tom baixo, mas impregnado de uma ferocidade contida que parecia vibrar no ar. Enzo deu um passo à frente, os olhos fixos em Luna, que hesitou. Ela engoliu em seco, os ombros tensos, a postura rígida que sempre a definira agora vacilava, como se estivesse prestes a desmoronar.
O silêncio que se seguiu não era apenas desconfortável; era um grito mudo, uma confissão sem palavras. Luna tentou responder, mas as palavras se perderam antes de alcançarem seus lábios. ― Eu... eu... ― balbuciou, a voz trêmula, os olhos fugindo dos dele.
Naquele instante, quase imperceptível, algo se partiu. A máscara de controle absoluto que Luna sempre usara rachou, expond