“Quando falta chão, a gente confere se o chá ferve — e se a mão treme.” — (Anotação de R.)
(...)
7h30. Joana chegou no minuto exato. Cabelo preso mais apertado que o costume, uma urgência mal escondida no canto da boca. Estranha? Ansiosa? Seria impressão minha?
Ou sou eu que estou ficando paranoica? Quando a vida inteira ameaça virar uma mentira bem construída, a paranoia aprende a andar descalça dentro da gente.
“Quem é você, Joana? O que está escondendo? O que quer de mim?”
As perguntas martelavam na minha cabeça enquanto eu abria a porta e forçava um sorriso que não sentia.
Agora que a chamei antes de Rafael, passei a ideia de que tinha suspeitas sobre ele. Mas a verdade era mais sombria: eu suspeitava dos dois. De todos. Do mundo inteiro.
Confiança tinha se tornado um luxo que eu não podia mais me dar.
— Chá? — ofereci, minha voz saindo mais casual do que meu coração acelerado permitia.
— Chá — ela aceitou, e o alívio no tom dela me perguntou se eu ainda sei medir pessoas ou se er