"Não é a porta que guarda o segredo. É o hábito de quem a atravessa." — Anotação de R.
A Casa dos Jasmins repousava sob a luz fria e impessoal, como a de um posto de saúde em pleno feriado ― uma cena que, à primeira vista, parecia inofensiva.
Mas eu sabia, sempre soube, mesmo que a memória me escapasse, que a inocência era apenas um disfarce, uma máscara que as instituições vestem para ocultar seus segredos mais sombrios.
O portão lateral, com sua pintura recente, exalava um cheiro que não era apenas de tinta fresca, mas de algo mais profundo ― uma tentativa apressada de apagar rastros.
O cadeado, em contraste, era um testemunho silencioso do tempo, com o metal desgastado por mãos que repetiram o mesmo gesto, dia após dia, como se obedecessem a um ritual mecânico.
Rafael me entregou a ferramenta com a precisão de quem já havia ensaiado cada movimento, cada detalhe, em sua mente inúmeras vezes. Seus olhos não vacilaram, e seus gestos eram tão econômicos quanto calculados.
Joana havia s