“Quando o passado se apresenta à porta às três da manhã, não é um pesadelo. É alguém que enfim encontrou a coragem necessária para se revelar.” — (Anotação de R.)
No térreo, Matheo estava encostado numa coluna, camisa azul com as mangas dobradas de um jeito casual que combinava com ele. O sorriso tranquilo no rosto fazia parecer que nada no mundo conseguia realmente perturbá-lo.
Havia algo no olhar dele, uma calma que parecia esconder histórias. Como se ser um mistério fosse algo natural para ele.
― Eu já estava indo te buscar — disse com aquela tranquilidade natural dele.
— Não precisava — respondi, tentando soar despreocupada, mas minha voz me traiu. — Vamos dar uma volta? — perguntei, precisando fazer alguma coisa com a inquietação que estava crescendo entre nós.
Ele me olhou por um instante, como se tentasse decifrar algo, e então assentiu. Saímos pela porta lateral, o ar da rua trazendo um alívio estranho.
Compramos água de um vendedor ambulante e seguimos até aquele muro com o g