Beatriz estava disposta a se vingar por ter sido demitida e por eu não ter assumido um relacionamento com ela.
Mas tentar nos matar?
Isso já era demais.
Enxuguei as lágrimas com o dorso da mão. O coração batia descompassado, agora mais por raiva do que por dor.
Sentei-me à escrivaninha do escritório da fazenda — o mesmo onde tantas decisões importantes já haviam sido tomadas —, mas naquele instante eu me sentia vazio, dominado por um cansaço que vinha da alma. Peguei o telefone e disquei o número de Étienne Moreau, meu amigo e dono do restaurante onde, poucas horas antes, eu e Clara havíamos estado tão felizes, celebrando a vida sem imaginar o que viria depois.
A notícia do incêndio já havia se espalhado. A imprensa falava sobre o “estado de Clara Bianchi”, mas ninguém sabia muito. Graças a Graziela, que ainda no hospital decidiu restringir as informações apenas à família. Foi o melhor que ela poderia ter feito.
O telefone chamou algumas vezes até que Étienne atendeu, a voz trêmula e