O dia já clareava quando voltamos à fazenda.
Meu peito ardia, como se queimasse junto com tudo o que havia ficado naquele hospital. Ainda custava a acreditar que horas antes, Clara e eu estávamos rindo, recém-casados, recém-chegados da lua de mel, vivendo um amor que parecia eterno. Em minutos, o paraíso virou cinzas.
O incêndio foi tão rápido que nem tive tempo de pensar. Antes mesmo de o carro parar, a fumaça subia pelo motor — e logo o fogo tomou a cabine.
Harry dirigia, mas minha mente estava longe. Eu ouvia a voz de Clara ecoando dentro de mim, desesperada, dizendo que não conseguia sair. Aquelas palavras me perseguiam, cortavam como lâminas.
O que eu diria à mãe e ao pai dela? Eles acreditavam que a filha estava segura, vivendo a melhor fase da vida... como eu diria que o destino foi cruel demais?
Quando passamos pelo local do incêndio, o Porsche ainda estava lá — completamente carbonizado.
Horas antes, era um símbolo de luxo. Agora, só restavam cinzas e o cheiro amargo da tragé