Quando voltei para dentro da mansão, encontrei Clara sentada à mesa da varanda conversando com Eugênia. O sol já entrava generoso pelas grandes janelas, dourando o ambiente e fazendo o cristal do lustre brilhar em pequenos reflexos sobre a parede. Clara sorria — aquele sorriso tranquilo, de quem parece pertencer ao próprio lugar. Aproximei-me e beijei-lhe a testa, sentando-me ao seu lado.
— Vamos à praia hoje — falei, pegando o copo de suco. — Quando terminar seu café, pegue suas coisas.
Ela me olhou com surpresa e alegria nos olhos. Fazia tempo que eu não dizia algo tão simples. Terminei meu suco e subi para o quarto. No closet, abri o cofre embutido atrás do painel de madeira. Lá dentro, entre documentos e pequenas lembranças, estava o meu revólver — um Colt Python calibre .357, de cano polido e cabo de madeira escura. Uma arma clássica, pesada e precisa, herança de uma coleção antiga.
Não era do meu feitio andar armado, mas quando eu saía sozinho, sem seguranças, a prudência sempre