Eu a observava dormir. Só o fato de vê-la ali, sem o tubo, respirando por conta própria, me trouxe uma paz que eu não sentia desde o incêndio. A serenidade no rosto dela me envolveu de um jeito que meu corpo, exausto, simplesmente cedeu. Acabei pegando no sono na poltrona, com a cabeça encostada na beirada da cama onde ela descansava.

Não sei quanto tempo passou até que acordei com leves batidas na porta. Clara despertou junto, os olhos piscando devagar, como quem volta de muito longe. Era Andrew, entrando para avaliá-la. Ele se aproximou com um sorriso contido, aquele sorriso cuidadoso de médico que sabe que cada detalhe importa.

Clara acordou confusa, os olhos buscando referências no quarto, nos sons, em mim. Conseguia pronunciar algumas palavras com dificuldade — entre elas, o meu nome. Eu nunca imaginei que ouvir alguém dizer meu nome, tão fraco, tão rouco, pudesse me causar uma alegria tão devastadora.

— E o bebê...? — ela sussurrou, repousando as mãos na barriga. A voz era delic