Os dias foram se arrastando com a lentidão torturante de quem vive à beira do abismo. A cada manhã, a sedação de Clara era diminuída com cautela, como se o tempo estivesse testando nossa resistência. Dez dias. Dez longos dias marcados pela angústia e pelo anseio de vê-la abrir os olhos e me dar qualquer sinal de que voltaria.
Mas, junto à esperança, crescia também o medo. Um medo que me consumia inteiro. E se ela acordasse com sequelas? E se não lembrasse de mim? E se esquecesse da nossa história — dos bons momentos, dos ruins, dos caminhos que nos levaram até o altar? A dúvida era uma sombra constante, me acompanhando em cada respiração, em cada madrugada mal dormida.
Nesta madrugada, especificamente, dormir se tornou impossível. Acordei suando frio, o coração acelerado, como se alguém tivesse arrancado a paz do meu peito. Rolei na cama por alguns minutos, mas minha mente não desacelerava nem por um segundo. Tudo, absolutamente tudo, me levava até Clara.
Levantei. Vesti a primeira ro