Os dois dias na UTI passaram como um sopro contido, silenciosos, obedientes, sem qualquer sobressalto. A cada manhã, Clara parecia abrir um pequeno rasgo na escuridão, permitindo que um fio de vida entrasse devagar. Assim que Andrew considerou seguro, fomos transferidos para o quarto — e ali o tempo assumiu outra cadência.
Foram mais oito dias entre exames, cuidados e esperança. Clara reagia bem, mas Andrew, cuidadoso como sempre, queria assegurar-se de que nenhum risco rondava ela ou o bebê. Cada detalhe era observado como se fosse uma oração.
E então, finalmente, o dia da alta chegou. Vinte dias — vinte eternidades. Oito de angústia e incerteza com Clara em coma, dois dias suspensos na UTI e mais oito no quarto, onde o mundo parecia reaprender a respirar junto com ela.
O amanhecer desse dia veio como um presente. Clara tomou banho e, quando saiu, parecia carregada de luz. Vestia um modelo da Maison Bianchi — simples, mas absurdamente elegante. Um tecido acetinado em azul suave, quas