17 anos depois...
Sempre ouvi dizer que o tempo voa. Mas a verdade é que a gente só percebe isso quando olha pra trás e se dá conta de tudo o que já viveu. Hoje eu tô sentada no chão do meu quarto, com uma mala aberta na frente, a cabeça cheia de memórias e o coração apertado de um jeito que é difícil de explicar.
Em poucas horas, vou embarcar no meu intercâmbio — um sonho que nasceu meio tímido lá atrás, entre aulas de inglês e filmes com legendas, e que agora virou realidade. Londres me espera. Mas, antes de partir, eu precisava deixar algumas coisas no lugar dentro de mim.
Foram doze anos desde o transplante. Doze anos desde que minha vida começou de novo.
Eu não me lembro de tudo com clareza, mas sei que houve dor. Medo. Dias em que meu corpo doía e minha alma também. Sei que meus pais choraram escondidos. Que Isa não dormia direito. Que meu pai ficava tentando ser forte pra todo mundo, mesmo quando ele próprio parecia desabar por dentro.
Mas também sei de cada vez que eles sorrira