Fazia alguns dias desde que Giulia começou o tratamento em casa. O médico explicara que, pelo tipo de protocolo adotado, ela poderia permanecer em ambiente domiciliar desde que tomássemos todos os cuidados. As quimioterapias seriam feitas em dias alternados no hospital e os exames de sangue, quase diários, monitorariam qualquer sinal de infecção ou alteração.
A casa havia se transformado em um novo mundo. Tudo era pensado em função da imunidade de Giulia: limpeza redobrada, visitas controladas, janelas abertas apenas nos horários certos, frutas e verduras higienizadas com mais rigor do que nunca. E, ainda assim, ela seguia sorrindo.
Miguel reduziu a carga horária no trabalho. Saía tarde da manhã e voltava cedo, quase sempre com alguma surpresa na mochila para animar a filha — um livrinho, um bichinho de pelúcia, uma caixa de lápis de cor nova. Nos dias em que não conseguia estar presente nas idas ao hospital, ele me ligava toda hora, pedindo notícias, querendo ouvir a voz dela.
Eu me