O silêncio do corredor do hospital pesava mais que os últimos dias. Havia algo sobre aquele andar em especial — as janelas grandes deixavam entrar o sol, os quadros com desenhos infantis tentavam colorir a dor, mas não conseguiam esconder a verdade: era ali que lutávamos por nossos filhos.
Deixei Isa e Giulia no quarto. A pequena dormia depois da sessão de quimioterapia. Ainda tinha o rostinho pálido e os olhinhos pesados, mas foi valente. Como sempre.
Desci com passos lentos até a ala onde aconteciam os grupos de apoio. A psicóloga do hospital havia sugerido. A princípio, neguei. Eu não era esse tipo de homem. Ou, pelo menos, achava que não era. Sempre me considerei forte o bastante para suportar qualquer tempestade em silêncio. Mas ter um filho doente muda tudo. Te quebra em lugares que você nem sabia que existiam.
A porta da sala estava entreaberta. Uma meia-luz amarela iluminava um círculo de cadeiras já ocupadas por algumas pessoas. Entrei hesitante, e todos viraram o rosto para