O som dos saltos de Carmen ecoava discretamente no corredor enquanto ela se aproximava da minha sala. A mulher tinha um jeito firme e maternal que sempre me acalmava, como se fosse uma âncora em meio à bagunça que às vezes minha vida se tornava.
Estava sentado atrás da mesa, girando uma caneta entre os dedos, olhando para a tela do computador sem realmente enxergá-la. Meus pensamentos estavam longe — muito longe.
Em Isabella.
Em Giulia.
Em nós.
Carmen bateu na porta de madeira antes de entrar com sua costumeira eficiência.
— Señor De La Vega, trouxe os contratos para o senhor revisar antes da reunião de amanhã.
Assenti, aceitando a pasta que ela me estendia. Mas ela não se moveu para sair.
Seus olhos atentos, já marcados por anos de vida e sabedoria, me estudaram com atenção.
— Está tudo bem, Miguel?
Suspirei, largando a caneta sobre a mesa.
— Não, Carmen. — Confessei, a voz mais baixa do que pretendia. — Eu não sei o que fazer.
Ela sorriu com ternura e fechou a