A casa estava mergulhada em silêncio.
Giulia dormia profundamente há pelo menos meia hora. Depois de um dia inteiro correndo atrás de piratas e comendo balas coloridas, ela apagara assim que encostou a cabeça no travesseiro.
Eu desci para pegar um copo d’água e encontrei Miguel na cozinha, encostado na bancada, com uma xícara de chá nas mãos. Ele vestia uma camiseta cinza simples e uma calça de moletom escura. Descontraído. Um pouco desarrumado. E perigosamente encantador.
— Chá? — ofereceu, ao me ver entrar. — Ainda tem um pouco da mistura que você trouxe do mercado.
— O de camomila com limão? — sorri. — Meu favorito.
Ele preparou uma caneca e me entregou. Nossos dedos se tocaram por um segundo e, como sempre, a faísca discreta apareceu. Mas, como sempre também, fingimos que não sentimos.
Sentei na cadeira da cozinha enquanto ele voltava para a bancada, girando lentamente a própria caneca nas mãos.
— Ela está tão feliz, Isa. — A voz dele era baixa. — Acho que... faz tempo que não via