Nada me causava mais pânico que aniversários infantis.
E não era pelo bolo açucarado demais ou pela gritaria incessante. Era pela certeza absoluta de que eu seria o único homem sozinho. O único pai viúvo, deslocado, sentado em uma mesa coberta de confetes, cercado por casais que falariam da escola bilíngue e dos métodos revolucionários de educação positiva.
Eu odiava aniversários infantis.
— Todos os papais vão — disse Giulia, me olhando com aqueles olhos gigantes que sempre vencem.
— Mas, filha, você vai estar com seus amiguinhos. Nem vai sentir minha falta.
Ela cruzou os braços. Estávamos no café da manhã e a colher de cereal dela já nadava há minutos no leite.
— Eu quero que você vá. Quero mostrar meu vestido novo. E a Júlia vai com os dois pais. E o Caio também. Só o Enzo que vai com a babá, e ele tem dois anos!
O argumento era irrefutável. Até a última frase.
Suspirei, ajeitando a camisa social enquanto olhava para o relógio.
— Está bem. Eu vou. Mas... a Isa pode tirar o dia de fo