O céu estava começando a escurecer quando deixamos o prédio da empresa.
Clara falava sem parar no banco de trás, empolgada com o “almoço surpresa” que tinha dado certo, e eu apenas sorria, tentando disfarçar o alívio por tudo não ter terminado em desastre.
Depois daquele momento tenso, Rodolfo havia mudado completamente o humor.
Ele riu, conversou com Clara, até me agradeceu de um jeito que parecia verdadeiro.
E, pela primeira vez, eu vi o homem por trás da postura rígida — o pai que tentava fazer o melhor, mesmo sem saber muito bem como.
O trânsito estava pesado, mas o som das risadas de Clara fazia tudo parecer leve.
Quando chegamos à cobertura, ela ainda falava animada, repetindo o quanto “o papai adorou o hambúrguer”.
— Você viu, Serena? Ele comeu tudinho!
— Vi, sim. Acho que você fez o dia dele mais feliz — respondi, abrindo a porta.
A governanta, Lourdes, apareceu no corredor, sorrindo ao ver a pequena entrar pulando.
— Vejo que o almoço foi animado.
— Foi ótimo, Lourdes! — Clar