O relógio no painel marcava quase meio-dia quando estacionei em frente à escola. O sol filtrava-se por entre as árvores altas, lançando sombras no capô do carro e um calor suave que fazia o vidro esquentar sob minha mão. Suspirei, ajeitando o cabelo no retrovisor e tentando disfarçar o nervosismo. Ainda era meu segundo dia como babá da Clara, e, embora ela fosse um anjinho de menina, eu sentia aquele frio na barriga de quem ainda está se acostumando com um novo papel.

Observei os portões se abrirem e uma onda de vozes infantis encheu o ar — risadas, gritos, mochilas coloridas balançando. Entre todas aquelas crianças, avistei um pequeno furacão loiro correndo na minha direção com o sorriso mais largo do mundo.

— Serena! — ela gritou, e antes que eu pudesse reagir, já estava com os braços dela ao redor do meu pescoço.

O abraço me pegou desprevenida, e por um instante, senti o coração apertar de ternura. Era difícil acreditar que ela se apegara tão rápido. Apenas dois dias juntas, e pare