O aroma do almoço ainda pairava no ar quando Lourdes se recostou na cadeira e limpou a boca com o guardanapo, com aquele ar sereno de quem já viu de tudo. Eu, por outro lado, estava nervosa demais até para mastigar direito.
Era meu primeiro dia oficialmente morando ali. Eu tinha acordado cedo, arrumado o quarto, revisado a rotina de Clara que Lourdes havia me deixado por escrito e, agora, finalmente, estávamos almoçando juntas na cozinha impecável da cobertura.
— Está gostando da comida? — ela perguntou, quebrando o silêncio.
— Está deliciosa — respondi, e estava mesmo. Um risoto cremoso com frango e legumes, simples, mas preparado com perfeição. — A senhora cozinha muito bem.
Ela riu.
— É costume. O doutor Rodolfo adora quando cozinho, mas ele vive comendo fora por causa do trabalho.
Assenti, curiosa.
— E a Clara?
— Ah, essa come de tudo. Mas ultimamente anda reclamando do tanto de atividades. Acho que a menina sente falta do pai.
Aquela frase me apertou o peito. Talvez fosse a prime