A noite ainda ecoava dentro de mim. O sorriso de Giulia, o brilho nos olhos de Serena, o riso leve de Michela ao lado dos pais dela… tudo parecia ter saído de um sonho perfeito. Jantamos juntos, brindamos à vida, ao amor, à segunda chance que nos foi dada depois de tantos desencontros e dores. Miguel havia até comprado um dos meus quadros — um gesto que me deixou sem palavras. Eu via, nos olhos dele, algo que sempre temi não conquistar: orgulho.
Mas a ligação cortou aquele encanto. O celular vibrou no bolso do paletó enquanto Giulia ria baixinho com a mãe, e eu vi o número da galeria piscando na tela. O tom da voz do gerente foi o suficiente para me colocar em alerta: “Senhor Caravaggio, tivemos um incidente. É melhor que venha.”
Meu coração acelerou. Giulia, atenta como sempre, percebeu no mesmo instante. Pedi que ela ficasse, insisti que não demoraria. Eu sabia que se algo sério tivesse acontecido, não queria arrastá-la junto para esse choque. Ainda mais depois de tudo o que vivemos