O som do sino preso na porta da livraria foi a primeira coisa que ouvi quando entrei. Logo em seguida, o cheiro de café fresco veio me abraçar, misturado ao leve aroma de papel e tinta de impressão. Eu já conhecia aquele cheiro. Era como se fosse a essência de Giulia — calor, quietude e algo que te fazia querer ficar por perto.
A cafeteria ficava nos fundos, e eu a vi antes que ela me visse. Giulia estava sentada perto do balcão, mexendo o café com a colher, concentrada no movimento circular. Os cabelos caíam soltos sobre os ombros, e ela estava com aquela blusa verde que sempre ressaltou a cor dos olhos. Por um momento, fiquei só parado ali, observando.
Quando ela levantou o olhar e me viu, abriu um sorriso suave — não daqueles largos e teatrais, mas o tipo de sorriso que faz seu peito apertar.
— Que surpresa — disse ela, assim que me aproximei.
— Posso me sentar? — perguntei, indicando a cadeira à frente dela.
— Claro. Estou no horário de almoço, então ainda tenho uns bons vinte min