A sexta-feira amanheceu com cheiro de pão fresco e o burburinho da cidade acordando. Sexta sempre foi o dia mais corrido na cafeteria — os escritórios da região liberavam funcionários mais cedo, e os turistas lotavam as ruas de Madrid em busca de cafés charmosos para fotos e lanches.
Assim que cheguei, já encontrei Vicente com o avental meio torto e um sorriso desesperado no rosto.
— Bom dia, Giu! — ele falou, quase gritando por cima do barulho da máquina de café. — Você não vai acreditar na fila que se formou antes mesmo de abrirmos.
— Eu acredito sim… — ri, amarrando o avental. — Sexta é sempre uma aventura.
Comecei a correr de um lado para o outro, levando pedidos, conferindo mesas, ajudando no caixa. O cheiro de cappuccino e canela preenchia o ar, misturado ao som das conversas em várias línguas e do sino da porta que não parava de tocar.
Eu me sentia viva nesses momentos. A correria me distraía, me fazia esquecer por alguns instantes do turbilhão no meu peito.
Mas, vez ou outra,