O sol de Madrid entrava pelas cortinas finas do apartamento alugado, iluminando o quarto com uma luz dourada e preguiçosa. Eu tinha acordado cedo, mesmo depois de uma noite mal dormida. Entre viagens, reuniões com a galeria e os últimos ajustes para minha primeira exposição, meu corpo pedia descanso, mas minha mente não desligava.
Sentei-me diante da tela em branco, os pincéis espalhados pela mesa improvisada como se estivessem me julgando. Tentei pintar. Tentei deixar a cor guiar minha mão, mas as ideias vinham truncadas, quebradas. Desde que cheguei a Madrid, senti algo diferente… como se cada rua me chamasse, como se algo estivesse prestes a acontecer.
Acabei largando os pincéis e saí para caminhar pelo bairro da galeria. Era uma região cheia de vida, onde artistas expunham seus trabalhos nas calçadas e cafés lotados abrigavam conversas em línguas diferentes. As fachadas antigas com sacadas floridas me lembravam uma paleta de cores que eu queria eternizar na tela.
Caminhei sem pres