UM ANO E DOIS MESES DEPOIS...
Só de pensar nesse nome, meu peito se aquece. Não sei se é o clima, a arquitetura, ou a sensação estranha de liberdade que essa cidade parece prometer. Mas enquanto eu cruzava os céus e via os prédios se aproximando pela janela do avião, senti como se estivesse aterrissando não só em outro país — mas numa nova versão de mim mesmo.
Há um ano e dois meses, eu era só um estudante frustrado de medicina tentando agradar o pai. Hoje, estou aqui, em uma das capitais culturais da Europa, prestes a montar minha primeira exposição fora da Itália. Minha primeira exposição solo. Minha.
Não foi fácil. Nada disso veio de graça.
Depois de sair de casa, morei por alguns meses com o Matteo, meu melhor amigo e dono da galeria onde tudo começou. Foi lá que me afundei na tinta, no carvão, nos pincéis e na dor. Porque sim, a dor ainda estava lá — e, de certa forma, ainda está. Giulia nunca saiu de mim. A forma como ela foi embora. A carta molhada. As palavras cortadas. Os esp