O céu estava cinzento naquela manhã de segunda, mas não foi o clima que deixou tudo mais pesado. Depois da briga com meu pai na noite anterior, dormir havia sido uma tarefa impossível. Mesmo com o cansaço, meu corpo se recusava a relaxar — como se tudo dentro de mim estivesse em estado de alerta.
Me arrumei no automático. Calça jeans escura, camiseta preta, jaqueta de couro. Peguei a mochila, joguei o celular no bolso e saí de casa sem sequer passar pela sala de jantar. Evitar meu pai era prioridade.
O caminho até a faculdade foi silencioso. O rádio desligado, meus pensamentos altos demais para qualquer música competir. As cenas da noite passada se repetiam sem parar: Giulia me olhando antes de partir, dizendo que não queria causar problemas. O beijo de despedida. A sensação de que algo importante estava se afastando de mim.
E agora, enquanto caminhava pelo campus, tudo parecia estranho. Cinza. Frio. Sem ela.
Entrei no auditório da aula de anatomia esperando vê-la no lugar de sempr