Lilly Harper é uma jovem determinada que deixou o interior para tentar a vida numa grande metrópole. Estudante de Pedagogia e lutando para se manter sozinha na cidade grande, ela vê uma oportunidade inesperada quando se candidata a uma vaga de babá para Emily Carter, a filha de um poderoso e reservado bilionário. James Carter é um homem acostumado a controlar tudo ao seu redor. Como CEO de uma das maiores empresas farmacêuticas do país, sua vida é repleta de reuniões, viagens e decisões que afetam milhares de pessoas. Mas, apesar de todo o seu sucesso, ele falha na única coisa que realmente importa: estar presente para sua filha. A chegada de Lilly traz uma nova luz para a vida de Emily, e, contra sua própria vontade, James percebe que a jovem é diferente de todas as babás anteriores. Seu jeito doce e espontâneo mexe com algo que ele enterrou há anos. Mas James não está disposto a deixar ninguém se aproximar. Ele estabeleceu regras para si mesmo, e a mais importante delas é nunca se envolver. Determinada a conquistar a confiança da pequena Emily, Lilly terá que enfrentar a frieza do pai, sem perceber que, pouco a pouco, está atravessando as barreiras que ele ergueu. Mas até que ponto James conseguirá resistir? Quando o amor se torna uma distração, algumas regras precisam ser quebradas.
Ler maisLilly Harper estava acostumada a se virar sozinha. Desde que deixou a pequena cidade onde cresceu para estudar Pedagogia em São Paulo, aprendeu rapidamente que a vida na capital exigia mais do que apenas determinação – exigia sacrifícios.
Aos vinte e cinco anos, morava sozinha em um apartamento modesto, com paredes finas demais e um aluguel que consumia quase tudo o que ganhava no café onde trabalhava meio período. O espaço era pequeno, mas era dela, e isso significava liberdade. Liberdade para construir seu próprio caminho, ainda que com dificuldades. Era magra, de estatura mediana, com longos cabelos castanhos que quase sempre usava presos em um coque desajeitado. Os olhos verdes eram vivos, cheios de sonhos que pareciam cada vez mais distantes conforme a realidade a empurrava para preocupações mais imediatas – como pagar a mensalidade atrasada da faculdade ou decidir entre jantar e economizar para o transporte. O trabalho no café era exaustivo. O turno começava cedo, e ela passava horas em pé, servindo clientes apressados, lidando com pedidos errados e limpando mesas sujas. Algumas pessoas eram gentis, mas a maioria sequer olhava para ela, como se Lilly fosse apenas mais um detalhe invisível na engrenagem da cidade. Naquela manhã específica, a cafeteria estava especialmente lotada. Ela equilibrava uma bandeja com duas xícaras de café quando um cliente impaciente estalou os dedos, chamando sua atenção de maneira rude. — O açúcar não veio junto, moça. Eu pedi duas vezes. — Ele balançou o sachê vazio no ar, como se estivesse lidando com uma incompetente. Lilly respirou fundo, forçando um sorriso profissional. — Desculpe, senhor. Vou buscar agora. Ela girou nos calcanhares, pegou os sachês e voltou, sem deixar transparecer o cansaço acumulado. Mas, por dentro, tudo o que queria era sair dali. Quando seu turno finalmente terminou, Lilly jogou o avental no armário e pegou a bolsa. O relógio marcava três da tarde, e a chuva fina que caía desde cedo ainda persistia. Caminhando até o ponto de ônibus, puxou o casaco para mais perto do corpo e sentou-se no banco metálico gelado. Ao seu lado, um senhor lia um jornal velho. Normalmente, Lilly não prestaria atenção, mas, por alguma razão, seus olhos pousaram nas páginas amareladas, onde uma coluna de anúncios de emprego se destacava. Curiosa, inclinou-se sutilmente para ler. A maioria das vagas oferecia salários baixos para funções exaustivas, mas um anúncio pequeno, quase discreto, chamou sua atenção: "Procura-se governanta para residência particular. Salário excelente. Requisitos: discrição, organização e paciência com crianças. Enviar candidatura para o e-mail abaixo." Lilly franziu a testa. Não havia muitas informações, mas qualquer coisa que oferecesse um "salário excelente" merecia consideração. Seu amor por crianças fazia a vaga parecer ainda mais interessante. Pegou o celular e tirou uma foto do anúncio. Assim que chegou em casa, sentou-se no pequeno sofá da sala e digitou um e-mail rápido, anexando seu currículo. Esperava, no mínimo, uma resposta dentro de alguns dias. Mas, surpreendentemente, duas horas depois, seu celular vibrou com uma chamada de número desconhecido. — Alô? — atendeu, hesitante. — Senhorita Lilly Harper? — A voz masculina do outro lado era formal e séria. — Sim, sou eu. — Falo em nome do senhor James Carter. Recebemos seu currículo e gostaríamos que viesse para uma entrevista amanhã, às dez da manhã. A residência fica em Westwood. O endereço será enviado por mensagem. Lilly piscou, surpresa com a rapidez da resposta. — Ah, claro! Obrigada pela oportunidade. A ligação foi encerrada antes que pudesse perguntar mais detalhes. Ela ficou parada, encarando a tela do celular. Westwood era um dos bairros mais caros de São Paulo. Quem era esse James Carter? Na manhã seguinte, acordou cedo, nervosa e ansiosa. Optou por uma roupa discreta, mas arrumada: calça social preta, uma blusa de mangas compridas azul-marinho e sapatilhas confortáveis. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e passou um pouco de rímel, tentando parecer profissional sem exagerar. O trajeto até Westwood foi longo, e, conforme se aproximava do endereço enviado, Lilly percebeu que estava entrando em um mundo completamente diferente do seu. Ruas arborizadas, casarões imponentes com portões altos e seguranças vigiando discretamente as entradas. Finalmente, parou diante do portão indicado. O portão negro de ferro era imenso, com detalhes sofisticados que denunciavam a riqueza do proprietário. Respirou fundo antes de apertar o interfone. Poucos minutos depois, um segurança apareceu e a conduziu pelo caminho de pedra até a entrada principal da casa. O ar ali parecia diferente – mais fresco, mais silencioso, como se estivesse em outra realidade. A porta se abriu, e um homem alto surgiu. Ele parecia ter cerca de trinta e poucos anos, os cabelos escuros perfeitamente penteados e os olhos de um azul profundo e penetrante. Seu terno era impecável, e havia algo na postura dele que exalava autoridade. — Você é Lilly Harper? — perguntou, avaliando-a com um olhar calculista. Ela assentiu, tentando manter a compostura. — Sim, sou eu. O homem assentiu e abriu mais a porta. — Eu sou James Carter. Bem-vinda à minha casa. Lilly respirou fundo e deu o primeiro passo para dentro. Ela não sabia ainda, mas aquele momento mudaria sua vida para sempre.Os dias que antecederam a viagem foram marcados por uma animação quase infantil dentro da casa. Emily estava empolgada como quem se preparava para a maior aventura da vida. Lilly cuidava dos detalhes com uma atenção que mesclava expectativa e carinho, e James… James se descobria cada vez mais envolvido por aquela rotina nova, cheia de vida, cores e afeto.— Mamãe disse que vai preparar sua torta de banana preferida, só pra te conhecer bem — Lilly comentou com um sorriso enquanto dobrava as roupas sobre a cama.James, encostado no batente da porta, observava cada movimento dela com um brilho tranquilo nos olhos.— Ela quer me conquistar pelo estômago?— Ela sabe que o caminho mais rápido para ganhar um homem é pela comida bem feita. — Lilly riu e jogou uma meia enrolada na direção dele.Emily, que organizava uma pequena mochila com lápis de cor, revistas e seus brinquedos preferidos, olhou os dois com a testa franzida.— Vocês dois são engraçados. Mas a vovó vai gostar do papai James.
A tarde estava tranquila, o sol filtrava-se pela janela da sala enquanto Lilly, ainda vestindo a camisa de James, ajeitava os cabelos em frente ao celular. Sentou-se no sofá com as pernas cruzadas, o sorriso já nos lábios antes mesmo da chamada conectar. Respirou fundo. Era hora de contar.— Oi, mãe! Oi, Manu! — saudou, animada, assim que as imagens surgiram na tela.— Minha menina! — a mãe respondeu, com os olhos brilhando do outro lado. — Que saudade! Como você tá linda hoje, hein?— E aí, irmã, esse sorrisinho aí... tem coisa, hein! — provocou Manu, com aquele tom esperto de quem já desconfiava de alguma novidade no ar.Lilly riu e não fez rodeios. O coração batia acelerado, mas a vontade de compartilhar o que estava vivendo era maior do que qualquer nervosismo.— É que eu tenho uma coisa pra contar pra vocês. Uma coisa boa... muito boa.As duas se entreolharam pela tela. A mãe, atenta. A irmã, já de sobrancelha arqueada.— Eu estou namorando — Lilly soltou, o sorriso se alargando.
Ao cruzarem a porta de casa, James segurou a mão de Lilly com firmeza, os olhos ainda carregando o brilho do pedido de namoro recém-aceito. Ela sorria, leve, como se o coração estivesse flutuando desde o restaurante. Ele a puxou com suavidade pela cintura, colando os corpos ali mesmo no hall.— Dei folga pra Dona Marlene hoje — disse, com a voz rouca, enquanto seus dedos afundavam devagar nos cabelos dela. — Queria que a casa fosse só nossa. Que esse momento fosse só nosso.Lilly sorriu contra os lábios dele.— Estou começando a gostar dessa sua ideia de faltar ao trabalho...James riu baixo, os olhos fixos nos dela, e não precisaram de mais nenhuma palavra.Os beijos começaram ainda no corredor, quentes, lentos, sedentos. As mãos dele exploravam sua cintura, suas costas, como se quisesse decorar cada curva, cada reação. Lilly suspirava contra a boca de James, sentindo o corpo responder com intensidade a cada toque. Quando chegaram à sala, ela o empurrou com carinho até o sofá.Ele ca
O clima naquela manhã era leve, quase solar, mesmo que o céu nublado ameaçasse chuva. James parecia mais relaxado, sorrindo sem motivo aparente enquanto tomava o café ao lado de Lilly e Emily. A menina, sempre animada, falava sobre a peça de teatro que a professora estava organizando na escola, e Lilly a ouvia com atenção, encantada com cada detalhe.— Que tal almoçarmos fora hoje? — James sugeriu, servindo-se de mais café. — Pensei em levar vocês ao shopping antes de levar a Emily pra escola. O que acham?— Eu aceito! — Emily pulou na cadeira, empolgada. — Quero ir naquela lanchonete com batatas em formato de coração!Lilly riu, olhando para James com uma sobrancelha arqueada.— Está com tempo sobrando assim?Ele deu de ombros com um sorriso misterioso.— Só o suficiente pra fazer algo importante hoje.No shopping, tudo parecia ter sido orquestrado para aquela ocasião. James caminhava ao lado das duas, discreto, mas atento a cada gesto de Lilly. Emily ia saltitando, segurando a mão d
A manhã avançava com lentidão, como se o tempo também estivesse saboreando o novo ritmo da vida. Lilly e James finalmente conseguiram se levantar, depois de alguns minutos de risos abafados e beijos furtivos, logo após Emily bater à porta e chamá-los para o café. Cada um foi para o quarto separado com cuidado, como dois adolescentes cúmplices de um segredo precioso.Na cozinha, Emily já estava sentada à mesa, balançando as perninhas e mordiscando uma fatia de pão com geleia.— Bom dia, dorminhocos! — disse ela com um sorrisinho sapeca no rosto.James se aproximou e beijou o topo da cabeça da filha, tentando parecer natural. Lilly sorriu, pegando duas canecas para o café.
O beijo no sofá ganhou intensidade. A sala ainda envolta pela penumbra, o silêncio da noite rompido apenas pela respiração entrecortada de dois corpos que há muito tempo ansiavam por aquele momento.Lilly sentia o coração bater forte no peito enquanto os lábios de James deslizavam pelos dela com uma mistura de urgência e ternura. A mão dele repousava firme em sua cintura, e cada gesto parecia incendiar sua pele. Quando os olhos de ambos se encontraram de novo, ela soube. Não havia mais dúvidas. Nem receios.— James... — ela sussurrou, encostando a testa na dele — Eu quero você. Essa noite... eu quero me entregar a isso. A nós. Com tudo que eu sou.Ele afastou-se só o suficiente para vê-la melhor, como
Último capítulo